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terça-feira, setembro 15, 2009

Síndrome de Rett

Síndrome de Rett

A síndrome de Rett é uma doença neurológica que afecta principalmente o sexo feminino (aproximadamente 1 em cada 10.000 a 15.000 meninas nascidas vivas), em todos os grupos étnicos.
Clinicamente, é caracterizada pela perda progressiva das funções neurológicas e motoras após um período de desenvolvimento aparentemente normal, que vai de 6 a 18 meses de idade. Após esta idade, as habilidades adquiridas (como fala, capacidade de andar e uso intencional das mãos) são perdidas gradativamente e surgem as estereotipias manuais (movimentos repetitivos e involuntários das mãos), que é característica marcante da doença.

Causa
A síndrome de Rett é causada por mutações (alterações) no gene MECP2 (do inglês methyl-CpG-binding protein 2) localizado no cromossoma X. Este gene é muito importante no controlo do funcionamento de outros genes, desde o desenvolvimento embrionário.

Sintomas
O diagnóstico da síndrome de Rett é baseado na avaliação clínica da paciente e deve ser feito por um profissional habilitado para tal, como neurologistas e pediatras.
Este diagnóstico é feito com base nos critérios diagnósticos estabelecidos, que consistem em:

Critérios necessários (presentes em todas as pacientes)

  • Desenvolvimento pré-natal (antes do nascimento) e perinatal (pouco tempo depois de nascer) aparentemente normal;
  • Desenvolvimento psicomotor normal até os 6 meses de idade;
  • Perímetro cefálico (circunferência da cabeça) normal ao nascimento;
  • Desaceleração do perímetro cefálico após 6 meses de idade;
  • Perda do uso propositado das mãos;
  • Movimentos manuais estereotipados (torcer, aperta, agitar, esfregar, bater palmas, "lavar as mãos" ou levá-las à boca);
  • Afastamento do convívio social, perda de palavras aprendidas, prejuízos na compreensão, raciocínio e comunicação.

Critérios de suporte (presentes em algumas pacientes)

  • Distúrbios respiratórios em vigília (hiperventilação, apneia, expulsão forçada de ar e saliva, aerofagia);
  • Bruxismo (ranger os dentes);
  • Distúrbios do sono;
  • Tónus muscular anormal;
  • Distúrbios vasomotores periféricos (pés e mãos frios ou cianóticos);
  • Cifose/escoliose progressiva;
  • Atraso no desenvolvimento;
  • Pés e mãos pequenos e finos.

Critérios de exclusão (ausentes nas pacientes)

  • órgãos aumentados (organomegalia) ou outro sinal de doenças de depósito;
  • Retinopatia, atrofia óptica e catarata;
  • Evidência de dano cerebral antes ou após o nascimento;
  • Presença de doença metabólica ou outra doença neurológica progressiva;
  • Doença neurológica resultante de infecção grave ou trauma craniano.

Evolução clínica
De acordo com a evolução e sintomas, a síndrome de Rett é classificada de duas formas: clássica e atípica.

Na forma clássica, o quadro clínico evolui em quatro estágios definidos:

Estágio 1 - de 6 a 18 meses de idade

  • Ocorre desaceleração do perímetro cefálico (reflexo do prejuízo no desenvolvimento do sistema nervoso central);
  • Alteração do tónus muscular (às vezes parece "molinha");
  • A criança interage pouco (muitas são descritas como crianças "calmas") e perde o interesse por brinquedos.

Neste estágio, os primeiros sintomas da doença, muitas vezes, nem são percebidos pelos pais (especialmente se são "marinheiros de primeira viagem") ou pelos médicos (muitos deles desconhecem a síndrome de Rett).
Estágio 2 - de 2 a 4 anos de idade

  • Ocorre regressão do desenvolvimento;
  • Inicia-se a perda da fala e do uso intencional das mãos, que é substituído pelas esteretipias manuais;
  • Ocorrem também distúrbios respiratórios, distúrbios do sono (acordam à noite com ataques de risos ou gritos);
  • Manifestações de comportamento autístico.

Estágio 3 - de 4 a 10 anos de idade

  • A regressão é severa neste estágio e os problemas motores, crises convulsivas e escoliose são sintomas marcantes.
  • Há melhora no que diz respeito à interação social e comunicação (o contacto visual melhora), elas tornam-se mais tranquilas e as características autísticas diminuem.

Estágio 4 - a partir dos 10 anos de idade

  • Caracterizado pela redução da mobilidade, neste estágio muitas pacientes perdem completamente a capacidade de andar (estágio 4-A), embora algumas nunca tenham adquirido esta habilidade (estágio 4-B);
  • Escoliose, rigidez muscular e distúrbios vasomotores periféricos são sintomas marcantes;
  • Os movimentos manuais involuntários diminuem em frequência e intensidade;
  • A puberdade ocorre na época esperada na maioria das meninas.

Nas formas atípicas, nem todos os sintomas estão presentes e os estágios clínicos podem surgir em idade bem diferente da esperada.
Algumas doenças neurológicas compartilham sintomas com a síndrome de Rett e isto pode dificultar o diagnóstico clínico especialmente nos primeiros estágios da forma clássica (ou no caso de formas atípicas). Quando surgem os primeiros sintomas da síndrome de Rett, muitas pacientes são diagnosticadas de forma equivocada como autistas, por exemplo. É importante que os profissionais de saúde estejam actualizados e conheçam sobre a síndrome de Rett para que sejam capazes de realizar o diagnóstico diferencial. Uma vez que o diagnóstico precoce facilita o estabelecimento de uma estratégia terapêutica adequada,
a INFORMAÇÃO É FUNDAMENTAL.
Embora ainda não tenha sido descoberta a cura da síndrome de Rett, as pacientes que são acompanhadas de forma adequada podem ter uma vida melhor e mais feliz. E TAMBÉM VALE LEMBRAR: a síndrome de Rett não restringe a expectativa de vida das pacientes.

2 comentários:

  1. Boa Tarde! eu gostaria de saber o seguinte, eu tneho um noivo mas a irma dele tem sindrome de rett, eu queria saber se ele pode carregar o gene e se isso pode levar á ter filhos que desenvolva sindrome de rett.

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  2. Olá, eu tenho uma linda menina com a forma atípica da síndrome de Rett.Completou 27 aninhos de vida e é a razão da minha existência.

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