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quinta-feira, novembro 12, 2009

Carris oferece livros de bolso a passageiros

Dezenas de passageiros do eléctrico 15 (Lisboa) receberam hoje os primeiros livros de bolso distribuídos pela Carris no âmbito do projecto «Ler entre Linhas», uma iniciativa bem aceite pelos clientes, para quem «o que é oferecido é bem-vindo».

No próximo dia 19, a empresa vai distribuir nos seus 750 autocarros e 55 eléctricos 25 mil pequenos livros com um capítulo da obra «Querido Gabriel», traduzida em 18 línguas, onde o norueguês "Halfdan Freihow descreve a sua relação com o filho mais novo, a quem foi diagnosticado autismo aos 13 anos.

Até ao final de 2010, serão oferecidos mensalmente e em igual número excertos de outras obras literárias lançadas pela editora Objectiva - como a história de vampiros «A Estirpe» ou o manual escrito por uma criança de 12 anos «Como conquistar uma miúda» - para tornar as viagens mais agradáveis e promover hábitos de leitura. «Vamos ao encontro de muitos gostos para pôr os portugueses a ler mais. Ao mesmo tempo, queremos melhorar a mobilidade em Lisboa, aumentar a sua qualidade, torná-la mais sustentável», disse à Lusa o presidente da Carris, José Manuel Rodrigues, durante a viagem de divulgação do projecto, no eléctrico 15, que liga a Praça da Figueira a Algés (Oeiras).

Na iniciativa esteve também o autor de «Querido Gabriel», para quem a leitura nos transportes públicos pode compensar algum isolamento: «Costumo comparar o autismo a estar no meio de estranhos. E quando se entra num autocarro estamos rodeados de desconhecidos, de quem nada sabemos, o que pode ser uma experiência de certa forma autista».

Jorge Andrade, um dos primeiros passageiros a conhecer o «Ler entre Linhas», disse à Lusa que a escolha do primeiro livro foi «uma boa ideia» para informar muito mais pessoas sobre o autismo e talvez fazê-las compreender melhor a doença.

Habituado a consultar os jornais gratuitos nos transportes públicos, Jorge afirma que irá incluir os livros de bolso nas suas leituras. Também José Ferreira, utilizador diário da Carris, aplaudiu a «boa iniciativa», apesar de nem sempre conseguir ler nos transportes: «Às vezes leio o jornal, mas com os movimentos fico tonto, tenho de esperar por chegar ao café ou a casa».

Ainda assim, o reformado mostrou-se «muito curioso» para conhecer os excertos das obras, até porque, como vários passageiros, considera que «o que é oferecido é bem-vindo e se tiver utilidade ainda melhor». Quanto aos custos do programa, o presidente da empresa pública explicou que os livros de bolso são da responsabilidade da Objectiva, que assim promove novos títulos.

À Carris cabe apenas pagar aos jovens que distribuem a oferta.

Diário Digital / Lusa

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